Saúde: Os benefícios do Açafrão da Índia

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Imagem Açafrão da ÍndiaO açafrão-da-terra (Curcuma longa), conhecido também como curcuma, turmérico, raiz-de-sol, açafrão-da-índia, açafroa e gengibre amarelo, é uma planta herbácea da família do gengibre (Zingiberaceae), originária da Ásia (Índia e Indonésia). Dela se obtém uma especiaria homónima que é o componente do tempero pó de caril. Sua característica principal é a forte cor amarela que transfere aos alimentos. - Wikipédia.





Você só deve usar o medicamento químico quando for absolutamente necessário. Com uma alimentação correta você pode prevenir muitas doenças. Veja o que Dr Lair Ribeiro fala sobre este assunto. Trecho de entrevista concedida ao jornalista Fernando Beteti Programa Repórter Saúde, Brasil.


Harlem Shake, a nova moda!

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Ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, desde a morte do cantor Michael Jackson, agora as coreografias já não são reguladas e ensinadas de forma igual para todos.
Harlem Shake
O processo anterior era simples, um grupo de geralmente 3 pessoas começava a dançar numa praça ou nas ruas e até em prisões ao som de alguma musica (a mais frequente era Triller de Michael Jackson), quando a multidão se juntava para ver o espetáculo mais elementos se juntavam à coreografia, formando assim um grande aglomerado de pessoas a dançar ao mesmo ritmo.

Mas desta vez esta ‘moda’ não tem ritmo, nem é regulada, nem tem coreografia.
Após analisar os vídeos postados no youtube podemos verificar que tudo começa com uma única pessoa a fazer "figuras" sem nexo no meio da rua, aulas, entre outros. Quando assistimos a uma pausa de um segundo onde o ecrã fica preto, e quando volta a imagem podemos ver um aglomerado de pessoas vestidas de forma diferente (de bikini, de coelhos, de cuecas e capa, entre outros). Nesta moda podemos ver todo o tipo de vestuário possível e impossível de se imaginar.
Os gestos praticados são de caracter sexual na sua grande maioria, insinuando o ato sexual, ou quando de gestos sexuais não se trata, são realizados atos sem conexão.
O incrível é que esta moda já pegou em universidades, na tv e nas ruas com uma frequência que parece que o objetivo disto é animar os espetadores.

Resumo do artigo de Luís Silva Pereira “Medicinas Paralelas e Prática Social”

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Luís Pereira da Silva é antropólogo e professor associado no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Este artigo foi retirado da revista Sociologia – Problemas e Práticas em 1993 e nele é feita uma abordagem ao carácter social da doença. O autor começou por identificar os sistemas de pensamento e acção que estão presentes nos doentes, sendo estes a ciência, a religião e o esoterismo.
As atitudes face à doença são condicionadas pela sociedade em que se está inserido, recorrentemente, encontramos a mesma doença a produzir efeitos diferentes em doentes, o que nos reporta para a individualidade exigida no sucesso do tratamento, este não significa apenas a prática clínica.
Aliás, é aqui que reside a resposta à nossa questão de partida. De acordo com este autor o discurso científico não chega a toda a população, facto que origina a busca, por parte desta população, de novas técnicas de cura. Neste artigo a expressão “medicinas paralelas” englobam a medicina popular como a medicina alternativa.
Há no artigo uma reflexão sobre a representação da doença na sociedade, reflexão interessante mas que foge do nosso âmbito de investigação. Optámos assim, por evidenciar os aspectos que julgamos pertinentes para ajudar na compreensão deste fenómeno social.
A doença é um facto social que só pode ser apreendido num contexto espacio-temporal e interpretando as diversas conjunturas sociais. Actualmente o que observamos é que a medicina científica “ […] nem sempre dá uma resposta cabal […], existe uma notória dificuldade de comunicação entre os produtores de discurso médico, técnico e pretensamente unívoco, e os receptores, não familiarizados com a terminologia utilizada […], não entende o que lhe é dito [...].” 
A acrescentar a esta situação, oferece-nos dizer que as medidas funcionais da medicina científica não são acompanhadas por um acréscimo significativo do papel do indivíduo relativamente à doença que tem. Segundo Luís Silva Pereira, no ocidente assiste a uma directiva em que a doença só faz sentido quando é escutado o saber médico experimental mas, é de todo aceitável que numa sociedade camponesa, onde as relações interpessoais são ainda fortes e onde o peso da tradição se faz sentir que a doença ainda se exprima singularmente em cada indivíduo. Nas grandes urbes, […] a doença e a morte são brancas - tornam-se anónimas […].”
Os doentes podem recorrer a três sistemas de pensamento e acção para curar a doença. São eles a ciência, a religião e o esoterismo. Depois de identificados o autor procedeu à sua caracterização. A ciência está relacionada com o conhecimento experimental, em que só é validado o que se observa e mede mas que é materialista e decompõe o indivíduo. Está assente no pressuposto do racionalismo onde a técnica de investigação é baseada em encadeamentos sucessivos de causa-efeito. A religião é experiencial, onde a fé, via exclusiva ou complementar de cura do doente, na entidade divina possibilita a concessão de graças ao doente que reza e se entrega aos desígnios superiores. “O esoterismo caracteriza-se como o modo de pensar e de sentir comum aos visionários, a vários tipos de curadores – acupunctores, médiuns, magos, feiticeiros, etc. – e a outros agentes de um saber que se revela, ainda que em diferentes graus, sistemático e ordenado de acordo com instrumentos teóricos capazes de interpretar o mundo […]”. O esoterismo sustenta uma interpretação integral do indivíduo e do mundo.”Esoterikós” é igual a interior, esoterismo é a procura do interior do indivíduo, visão apoiada na unidade e totalidade do indivíduo.
O autor responde-nos dizendo que “As estratégias sociais de cura têm como opção estes três campos do conhecimento, os quais podem ser utilizados quer cada um deles exclusivamente, quer dois ou mais cumulativamente (…) isso depende do grau de satisfação que o indivíduo tenha relativamente ao discurso que é o privilegiado na sociedade ocidental (i.e., o produzido pela ciência médica), o grau de informação que o doente dispõe e o grau de angústia que a doença lhe provoca.”

Médicos e Charlatões

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No período de 1851 a 1900 no Recife verificou-se a existência de noventa e quatro surtos epidémicos de considerável amplitude, alguns deles com espantoso número de óbitos, de catorze doenças diferentes: - Varíola, malária, cólera-morbo, febre-amarela, disenteria, febre tifóide, beribéri, sarampo, coqueluche, difteria, escarlatina e influenza que, em 1904, matou 2.886 pessoas e a gripe espanhola, com 1.783 vítimas em 1918.
As pessoas nesta altura procuravam todos os tipos de ajuda e cura, recorrendo mesmo a de médicos, cirurgiões, farmacêuticos e boticários, a práticos que detinham o conhecimento das ervas e drogas e exerciam a cura a partir da tradição popular.
Em meados do sec XIX, quando a medicina começou a evoluir e a tornar-se numa ciência evoluída e capaz, houve uma grande luta entre a medicina e as curas tradicionais em que as pessoas acreditavam e usavam á vários anos. A maior parte dos melhores médicos a actuar lá eram brasileiros e estrangeiros, e na altura utilizavam a medicina tradicional francesa, e tinham como técnica a sangria, com as sanguessugas e as bichas hamburguesas para curar os doentes, sendo a técnica mais eficaz, estas bichas podiam ser encontradas em farmácias na altura. Na altura, até os barbeiros, que cortavam cabelo claro, e também arrancavam dentes, usavam esta técnica para curar os doentes.
Para os médicos, era muito complicado aplicar a sua medicina, combater as ideias tradicionais da medicina e as novas ideias da medicina moderna europeia, para as pessoas foi muito complicado deixar os seus hábitos de cura para entrar nestas novas ideias de medicina moderna, e os médicos sentiram essa dificuldade na época.
Para os médicos, a maior parte destes curandeiros, eram entendidos como “charlatões”, sendo que tentavam dar o golpe nas pessoas, prometendo curas milagrosas a partir de métodos ineficientes e atrasados. Estes eram pessoas que vendiam drogas nas praças públicas e nas feiras. Para Freitas, um médico conceituado na altura, que estudou medicina e aplicou no Recife, todos as pessoas que aplicavam medicina e não detinham o curso médico eram denominados “charlatões”, apenas Paula Portão, não foi assim denominada, mas sim de “curandeira”, o que significava praticamente o mesmo.
Desde o período colonial até praticamente o final do século XIX, os remédios empregados para a cura das enfermidades eram, na maior parte, formulações manipuladas por boticários, executadas às vezes à vista dos clientes, à base de substâncias como iodo, mercúrio, ácido bórico, quinino, arsénio, óleos variados, ervas, sementes, raízes e vinhos importados. Muito desse conhecimento foi herdado dos indígenas ou adquirido a partir do contacto com os escravos. Esses remédios, “com suas fórmulas secretas, que por longo tempo juntaram magia, religião e ciência nos trópicos, acompanhando os referenciais culturais tanto de colonizadores quanto dos colonizados, síntese de um contexto sociocognitivo, transitava entre a magia e o cientificismo.
No início do século XX, a fabricação de medicamentos em laboratórios e a comercialização dos produtos já prontos pelas farmácias e drogarias vai, aos poucos, transformando o papel das boticas e farmácias.
Os farmacêuticos, com o passar do tempo começaram a ter um papel mais de revendedor de medicamentos, o que fazem agora, sendo que o papel do médico passou a ser o de avaliar o problema do paciente e receitar-lhe os medicamentos, sendo que nesta altura, eles já pouco sabiam de que eram feitos, o seu trabalho deixou de ser esse.
Segundo o dr. Freitas, em meados do século XX a medicina no Recife vai, aos poucos, incorporando as descobertas mais recentes, atingindo um status científico. Médicos tecnicamente instruídos, instrumentos de escuta aperfeiçoados, novos métodos de diagnóstico, como análises químicas, microscópicas, aparelhos eléctricos para exames de doenças nervosas e as famosas máquinas de raios X eram técnicas que começavam a ser empregadas na cidade. Nesta altura começou-se a usar a cesariana, sendo que apenas á 3ª conseguiram ter sucesso, tendo antes fracassado por duas vezes.
O crescimento do número de médicos diplomados na cidade em função da fundação da Escola de Medicina do Recife, a disputa por clientes com as práticas populares, os avanços tecnológicos em relação às formas de comunicação, a articulação com uma economia de mercado e a paulatina transformação dos serviços médicos em produto fizeram com que parte dos médicos começassem a recorrer à propaganda em jornais e periódicos para anunciar e oferecer seus serviços.
Apesar dos avanços a que a cidade assistia na ciência médica, da crescente especialização dos médicos, dos aparelhos modernos e remédios que prometiam curas revolucionárias, como a aspirina, e da propaganda usada no convencimento dos clientes, a população continuava a consumir xaropes, chás e beberagens caseiras, não deixando também de, vez por outra, fazer visitas a um “curandeiro”, feiticeiro ou ir a uma sessão de “catimbau.” A tradição consegue muitas das vezes vencer os factos.
O que fazia a população procurar essas formas de tratamento na tentativa de solucionar seus problemas físicos e espirituais era a persistência de saberes originários de diversas raízes culturais, referenciais que faziam parte da formação da mentalidade colectiva da maioria da população local. Esses populares, conhecedores das ervas, drogas e segredos dos vegetais, preparavam mezinhas, tisanas, poções e garrafadas que diziam sanar as moléstias que atingiam a população. Os periódicos, memórias e crónicas do início do século XX estão cheios de relatos sobre esses populares, comummente apresentados como “embusteiros”, que prometiam a solução dos problemas de saúde a partir de métodos diferentes daqueles usados pelo saber médico oficial. Alguns desses “curandeiros” chegaram a ganhar certa fama na cidade, conforme referências da época, atraindo muita gente que buscava nas promessas de cura o alívio para suas mazelas.
O sucesso de algumas curas realizadas deviam-se a um fenómeno que ele classificou de “sugestão colectiva”, fazendo com que “o falso Messias enchesse suas arcas com os cobres dos desenganados da medicina oficial.
A procura dos pais-de-santo e praticantes dos cultos afro-brasileiros na busca da cura das enfermidades e outros males do espírito também era muito frequente no Recife. A forte tradição religiosa entre os afro-descendente que habitavam nos subúrbios da cidade fez com que várias casas de culto se estabelecessem nesses bairros, onde os pais e mães-de-santo se tornavam conhecidos e respeitados.
Entre os pais-de-santo observava-se o exercício da “feitiçaria-médica”, que seria o curandeirismo de origem mágico-fetichista”. Segundo os jornais, as sessões de “catimbau” atraíam a presença de doentes, pessoas com problemas financeiros, morosos enfim, “muitos crentes que iam à procura de um alívio para o mal que os afligia.”
A busca dos habitantes da cidade por esse tipo de actividade, inclusive por parte daqueles pertencentes às elites, demonstra que os referenciais culturais dessa população estavam ligados a uma tradição diversificada, composta de elementos e símbolos múltiplos que persistiam no seu imaginário.
Nos anos vinte, também eram muito populares no Recife as cartomantes e videntes. Segundo Walter Benjamin, “quem pergunta pelo futuro a benzedeiras abre mão, sem o saber, de um conhecimento interior do que está por vir, que é mil vezes mais preciso do que tudo o que lhe é dado ouvir lá.” Para ele, signos precursores, pressentimentos, sinais atravessam quotidianamente nosso organismo como “batidas de ondas.”
O tipo de propaganda publicada nos jornais leva-nos a reflectir sobre a aceitação de tal actividade pelo público que tinha acesso aos periódicos, pertencente na sua maioria, às amadas mais abastadas da população. O uso dos jornais como meio de divulgação sugere que as cartomantes buscavam atingir um público pertencente às camadas médias e às elites da cidade.
Os videntes e cartomantes faziam questão de diferenciar seu trabalho daquele que era realizado pelos praticantes dos cultos afro-brasileiros. Apesar de não abrirem mão dos seus poderes mágicos e do misticismo, os anúncios que publicavam destacavam como qualidades mais importantes o carácter científico da actividade que desenvolviam, baseada, segundo eles, em estudos de grafologia, cartomancia, magnetismo e astrologia, dentre outras técnicas e “ciências ocultas.”

Género e Sexualidade

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Considerações gerais sobre o “sexo”
Começaremos por abordar a questão do sexo, este é construído por características biologicamente determinadas, onde tentámos perceber se o indivíduo é do sexo feminino ou masculino.
Sendo que a atribuição do sexo a um indivíduo assenta em dimensões como nos genes ou cromossomas, nas hormonas, nos órgãos que produzem células sexuais, nos órgãos reprodutivos internos e nos órgãos genitais externos. Assim podemos afirmar que o sexo é algo que está presente no corpo.
O corpo é a base sobre a qual construímos e modelamos uma identidade, no entanto não podemos ser aquilo que desejamos mas modelamo-nos em função de convenções sociais e culturais.

Considerações gerais sobre o “género”
O género de um indivíduo é construído a partir de características físicas, de condutas, de auto-imagens que servem para determinar o que é a masculinidade e a feminilidade, concluindo-se que é algo socialmente e culturalmente construído.
Na nossa sociedade temos sempre a ideia de que um homem não se iria comportar como um mulher e uma mulher não se iria comportar como um homem, porém existem relações de género que definem a expressão sexual adequada, são normas relativas ao exercício da sexualidade que definem a sua mecânica bem como o género da fantasia erótica de cada um, existe também um complexo de objectos simbólicos.
Na questão do género existe uma desigualdade sendo que um género exerce mais poder que outro “a mulher é um ser inferior”.
Relação entre “sexo” e “género”

Esta relação começa a desenvolver-se através da socialização primária e torna-se complexa ao longo do crescimento e do desenvolvimento. Nas nossas sociedades o sexo é um determinador do género, sendo que o género divide-se em duas categorias (homens e mulheres) formando assim um sistema bipolar de género (é cultural e está relacionado com as características de cada sexo).
O que se espera é que os indivíduos sejam heterossexuais pois assim torna-se uma pessoa “normal” e “natural”.
Porem o sistema de classificação de género não é igual em todas as culturas, sendo que a mulher era um ser não racional aos olhos do cristianismo. Para a igreja (que ainda exerce muita influencia sobre a mente dos indivíduos) a maioria das mulheres são comparadas a Eva assumindo um papel mais próximo do Satanás, pelos seus pecados e porque não era capaz de se controlar nos seus desejos (na sexualidade), por oposição nesta perspectiva o ideal de mulher seria o mais próximo de Maria pois era obediente, virgem e privilegiava o casamento (Ribeiro, 2000).
Após uma breve leitura ao artigo de Paula Machado “O sexo dos Anjos” (2000), foi-nos transmitido a ideia de que existe, na sociedade ocidental, uma preocupação sobre as figuras de androginia.
A autora reporta-se a autores como Foucault que nos seus estudos sobre o que era considerado “anormal” e “monstruoso” no século XIX e concluiu que esses indivíduos eram privilegiados na Idade Clássica.
Porem na nossa sociedade contemporânea essa odeia mudou. Nestes casos os médicos são aqueles que assumem uma grande responsabilidade, pois quando crianças nascem com um sexo indeterminado (nem masculino, nem feminino), “estados intersexuais” (Kessler, 1996).
Os médicos dividem este estado em quatro categorias: “pseudo- hermafroditismo feminino”; “pseudo- hermafroditismo masculino”; “ disgenesia gonadal mista” e “hermafroditismo verdadeiro” (Machado, 2005:252), uma das razões por que isto acontece é graças à hiperplasia de suprarenal.
Quando as crianças são sujeitas a intervenções os médicos têm como finalidade corrigir o erro para tornar o indivíduo um ser normal, sendo que a identidade do indivíduo vai ser construída através das técnicas (cirurgia reparadora dos genitais).
Podemos assim reforçar a ideia de que o sistema bipolar de género é o mais aceite pela sociedade, pois quando ocorrem estes casos os “intersex”, estes não os aceitam como algo normal, nem natural querendo corrigi-los muitas vezes sem questionar o próprio indivíduo, ou porque este é ainda uma criança, logo não têm poder para escolher e por outro lado as discriminações feitas pela sociedade exercem um grande poder sobre esses “seres”, logo estes vão querer ser “iguais” ao resto da maioria da sociedade.
O sexo e o género assim são construídos culturalmente e não adquiridos à nascença “ A linha argumentativa condutora toma como pressuposto que o sexo é tão construído na cultura quanto o género e que as fronteiras entre “natural” e o “não natural” são facilmente borradas quando se trata de defini-las a partir do que é considerado dentro ou fora das normas sociais” (Machado, 2005:253).
Podemos ainda fazer umas conclusões nomeadamente que o sexo é definido pelo género, que a classificação dos genitais é feita a partir do que se vê e quando existe uma construção, ela é vista como algo normal, para os médicos a intervenção surge só porque a ideia do normal, e aquilo que é considerado ser o ideal de corpo (dentro das normas sociais).
E uma vez demonstrado que os médicos criam técnicas em vez de cultura (na forma de não aceitação desses indivíduos), temos de ter em conta o lado das pessoas que são “corrigidas”, porque como temos a certeza de que o médico na sua análise faz um prognóstico correcto? E no caso de os indivíduos desenvolverem características mais próximas do género oposto, do que na realidade têm?
Sabe-se que as transformações são feitas sempre no que a sociedade pensa em ser o correcto. Uma das consequências é o suicídio, pela ausência de integração e pelo constante confronto com a própria identidade.
Machado fez uma pesquisa e relata a história de um bebé que foi sujeito a uma intervenção, devido a erros médicos que lhe queimaram parcialmente o pénis.
 E neste caso o bebé de sexo masculino, teve como solução, ser “transformado” num indivíduo de sexo feminino. Neste caso tudo parecia correr bem, e aquele bebé à medida que crescia parecia ter desenvolvido uma identidade feminina, mas na realidade acabou por se suicidar de adulto, por ter entrado em conflito com ele mesmo. Ele nasceu homem, a mudança foi imposta sem ele desenvolver as suas características, logo este indivíduo sentiu-se inseguro, e devido à falta de informação e por ser rejeitado pela sociedade, o suicídio foi a solução.
Mas em culturas diferentes da Ocidental olham a anatomia das pessoas (intersexuais) de maneira diferente. Como no caso da República Dominicana, aqui o sistema bipolar não faz sentido, uma vez que para eles não existem dois sexos (feminino e masculino) mas sim três sexos. Sendo que a 3º categoria é chamada de “guevedoche” que significa “pénis aos doze” (Machado, 2005:260), onde estes indivíduos não são considerados nem homens nem mulheres, eles assumem um outro estatuto social e biológico.
O 3º sexo é uma construção histórico-cultural. Mais uma vez verificámos que a intersexualidade é um processo “enraizado” na maneira de pensar da maioria das culturas.

A ligação crime-prisão está longe de ser linear

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Hoje em dia a prisão já não é uma estrutura banal, já não é um lugar onde se agrupam reclusos sem qualquer meio de organização. A prisão é uma instituição com regras que vão desde a alimentação, desde o estabelecimento de horários para acordar e para dormir, as regras passam também pelo vestuário (onde se usa uniforme) para os distinguir do resto dos outros grupos que lá trabalham e também serve para os caracterizar como um grupo que fez algo de errado na sociedade. Mas não são só os reclusos que passam pelo processo na prisão, pois também os familiares são afetados, pois quando vão visitar alguém dentro das prisões têm de passar por um procedimento (são revistados antes de entrarem, etc.) e acabam por viver um pouco influenciados pela prisão. Porém, não podemos esquecer que o número de reclusos não corresponde diretamente ao número da criminalidade, ou seja, para se tentar perceber então a ligação entre “prisão/criminalidade” formularam-se várias perspetivas acerca do assunto. No livro “Aquém e além da prisão” focasse uma articulação com o mundo dos reclusos dentro da prisão, mas também aborda-se a vida dos reclusos fora da prisão “contexto extra-muros” (Cunha, 2008:7).
Numa perspectiva da ecologia social e segundo, Philippe Combessie (1998), a ligação entre prisão e sociedade faz-se através de uma “interface imediata” a que Combessie designou de “perímetro sensível” que designa a área onde a prisão está localizada dentro de uma determinada localidade. Já Renouard (1999) estudou alguns exercícios nomeadamente os de camuflagem, elaborados pelos residentes em relação à prisão e ao seu exterior. Concluindo que essa zona se tornaria uma terra morta, uma terra de “ninguém”. Numa perspetiva estrutural a prisão era vista como uma resposta aos problemas da sociedade, era como um depósito onde a sociedade enviava os fazedores de males para que ficasse limpa. Sendo assim, a prisão é vista pela sociedade como uma instituição onde os reclusos vão ser castigados pelos crimes que cometeram.
Mas não podemos esquecer que, por outro lado, esta perspetiva mais estrutural não é muito linear, pois sabe-se que o número de reclusos que estão registados não está de acordo com o índice de criminalidade, ou seja, esta instituição não funciona de maneira igual nem é totalmente eficaz no que toca a combater o crime, pois existem menos reclusos presos do que na verdade deveria existir uma vez que existem mais crimes cometidos. O facto, da ligação entre “prisão/crime” não ser linear fez com que autores se debruçassem sobre o problema através de análises da economia política da reclusão, tal como fez Rusche e Kirschheimer onde concluíram que a prisão tinha uma influência direta no controlo do mercado de trabalho, “enchendo-se para responder ao excesso de mão-de-obra e esvaziando-se quando ela é escassa, razão pela qual os índices prisionais e de desemprego variavam no mesmo sentido.” (Cunha, 2008:10)
Mas autores como Steve Box e Hale (1982) dizem que, sim existe uma ligação, mas é uma ligação indireta. Pois se variassem do mesmo modo ambas teriam de mudar em ciclos económicos onde haveria um aumento das populações “economicamente marginais.” (Cunha, 2008:10)
Mas Rusche e Kirschheimer também dão importância ao papel estra-penológico da prisão como gestor das populações mais desfavorecidas e mais afetadas pela sociedade industrial. O século XIX tornou-se o século da criminalização da miséria, através da criminalização da vadiagem.
Para Wacquant (2001) a prisão contemporânea fazia parte de um sistema que regulava a pobreza, da qual fazia parte as políticas sociais. O crescimento, então, das prisões só seria explicado através das reestruturações do Estado, que se dividiram em três partes. A primeira parte corresponde ao declínio do Estado Keynesiano, a segunda parte corresponde à retração do Estado na esfera social (pobreza e desemprego) e a terceira parte corresponde a um esforço e a uma extensão do “aparelho punitivo do Estado”. Isto estaria ligado então na redefinição das modalidades por parte da ação do poder político. (Cunha, 2008:12)
Foucault (1975) tinha a noção que a prisão se ia tornar uma instância periférica sob uma forma disciplinar genérica e ampla. Assim, os cientistas sociais passaram a analisar o estudo de uma forma menos centralizada do controlo e da normalização das instituições (escolas, hospitais) deixando de parte as prisões.
Houve um crescimento penitenciário exponencial por toda a parte fazendo com que as populações prisionais aumentassem também, o que fez com que Wacquant (2002) afirma-se que a prisão e o sistema penal se tivessem tornado num conceito importante para a antropologia histórica do Estado. Passou-se então a estudar esta ligação (prisão/crime) sob uma visão científica. Existem algumas diferenças nas tendências descritivas que também são estruturais. As principais diferenças estão nos níveis de encarceramento que são inferiores (a taxa de encarceramento americana é mais elevada do que na EU. E por outro lado o “braço social do Estado não foi substituído da mesma forma do braço penal”. (Cunha, 2008:14)
Registou-se uma viragem punitiva nas politicas penais o que originou um aumento significativo nos índices de reclusão. O quadro macro-estrutural na ligação prisão/sociedade necessita de referências a nível intermédio (politicas penais). No livro temos a referência do caso Europeu onde se tem registado uma tendência para um tratamento mais flexível e benevolente por quem tenta evitar uma pena de prisão. Por outro lado, e contrariamente temos o agravamento das penas de prisão para crimes mais graves e que posso afetar mais a sociedade. Estas duas tendências marcaram uma evolução na forma como se passou a tratar a criminalidade, denominando-se, segundo Bottoms (1983), por Tubex e Snacken (1996) como um “processo de bifurcação”, pois é resultado da união de, por um lado, existir a redução do recurso as penas curtas (existindo alternativas) e por outro lado, por um agravamento de penas grandes, aumento do recurso a longas penas e por último, para uma pena de igual duração um maior tempo de reclusão. (Cunha, 2008:15)
Ou seja, os juízes podem aplicar penas de prisões de acordo com o que acham que o público vai exigir e achar correto. Uma parte do público não acredita que os juízes vão aplicar uma pena correta e consequentemente isto assenta numa taxa de criminalidade incorreta, como é o caso da criminalidade violenta onde se é exigido uma maior repressão por parte de quem detém o poder. Em contrapartida é o facto de na realidade as coisas não acontecerem assim, porque de facto a opinião pública pouco influencia nas decisões a serem tomadas pela política penal. Em suma, seguir por uma via mais violente (de repressão) levada a cabo para responder a crimes não tem influência nas atitudes a serem tomadas.

Como já referi, anteriormente, a família não pode ser esquecida deste meio. Pois esta relação marca a ligação entre o exterior e o interior em paralelo à abordagem de ecologia social. Esta nova abordagem, segundo, Wacquant baseia-se num quadro micro-estrutural conjugando a gestão social com a gestão penal da pobreza (uma ligação entre prisão e o bairro). Estas pessoas (tanto familiares como vizinhos) circulam em larga escala dentro das prisões, contribuindo de uma certa forma para que os reclusos vivam de uma maneira menos agressiva a prisão, podendo-se concluir que a prisão já não se trata de um “intervalo social” mas ainda funciona como um meio de socialização com o exterior pois as pessoas não deixam de ter o contacto com o social, contrariando a opinião de Goffman (onde ele afirmava que numa instituição total o recluso desligava-se da sociedade) (Cunha, 2008:26).

Uma visão sobre o crime

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Um comportamento só passa a ser crime se assim a justiça o decidir. Por exemplo, numa certa população pode haver um cidadão que comete furto e as pessoas dessa localidade sabem, porém o cidadão nunca foi condenado, logo não é criminoso nem cometeu nenhum crime perante a justiça. Esta definição de Tapplan sobre crime implica aceitar que o condenado sofreu uma punição por parte do tribunal que é sempre objetiva e neutra, pondo em conformidade a legislação e a aplicação da lei. É importante ainda referir que os elementos que levam à definição de crime derivam do meio cultural e histórico.

Sellin (1938), criminologista americano e especialista em estatísticas criminais, tentou separar o conceito de crime da perspetiva jurídico-legal (as normas jurídico-penais refletem os valores e os interesses dos grupos sócias que controlam o aparelhos legislativo, podendo gerar conflitos culturais) referindo a necessidade de uma “definição sociológica” para o conceito de crime. Segundo o autor as exigências metodológicas e epistemológicas da Criminologia e a diversidade cultural a que estamos sujeitos nas sociedades modernas são direcionadas para uma perspetiva multicultural do crime que é definido como uma transgressão a dois tipos de normas. Por um lado a norma da conduta (criadas pelas sociedades e podem variar consoante o grupo) e por outro lado temos as categorias universais têm um significado similar em diferentes sociedades, como por exemplo o homicídio (Machado, 2008:30). A Criminologia deveria ter um objeto de estudo objetivo e universal, com valores neutros e que não estivesse sujeito à questão espácio-temporal, para que seja possível clarificar e também isolar as normas de conduta de acordo com as categorias universais.

 Para Durkheim crime significa “ todo o acto que, num qualquer grau, determina contra o seu autor essa reacção característica a que se chama pena” (Durkheim, 1977:87).

Após definido o conceito de crime é necessário perceber o conceito de desvio, pois não significam o mesmo. Sendo que o desvio engloba duas variáveis, por um lado ter um comportamento tido como desviante pelos membros da sociedade e por outro lado que esses mesmos comportamentos negativos sejam tidos em conta e sujeitos a punição. 

Encarar o desvio numa abordagem do fenómeno criminal implica ‘romper’ com o conceito jurídico de crime onde se estudava só o criminoso e o que o levava a cometer o ato, e passar a dar relevo às condições sócio-históricas desses desvios, o comportamento do sujeito perante a sociedade e vice-versa. Segundo Blumer (1969) o que distingue crime de desvio é o facto de que temos de ter em conta que é o processo social de grupo que cria as normas e que não são as normas que regulam os grupos. Numa abordagem sociológica do crime deve-se transpor a visão jurídica e começar a ‘ver’ o crime como uma construção social que está ligada ao controlo social formal e informal mas também está associado à lei (Machado, 2008:31). 

O conceito de controlo social aqui está relacionado a mecanismos de socialização de normas e valores e de aplicação de punição a quem agir contra a lei. Conclui-se, então, que o crime tem de ser visto como um problema social, constituindo um desvio aos padrões aceites pela sociedade. Que quando alguém as transgride provoca uma reação negativa na sociedade e constitui um problema sociológico na medida em que procuramos saber quais as relações sociais envolvidas na transgressão das normas. 

Existem várias perspetivas consoante as diferentes ciências criminais, a perspetiva da Biologia, da Psicologia e Psiquiatria e a perspetiva da Sociologia.

 Na perspetiva Biológica as teorias bio-antropológicas do crime centram-se nas características individuais do indivíduo bem como nas características do organismo. Centrando-se nas determinantes biológicas do crime (o seu papel social). Porém concluiu-se que os fatores bio-antropológicos interagem com variáveis de cariz sociológica e ambiental.
 
Na perspetiva da Psicologia e Psiquiatria as teorias psicodinâmicas dão continuidade a estudos de variáveis individuais que explicam a prática do crime, tendo em consideração os percursos biográficos dos indivíduos que remetem para processos dinâmicos de formação da personalidade. Procurando saber quais os níveis de sucesso e insucesso na sua formação, aprendizagem e socialização. As teorias psicodinâmicas formam-se numa vasta diversidade de perspetivas, sendo que as teorias psicanalíticas do crime são as mais aplicadas para o tratamento e reabilitação de delinquentes. As teorias psicossociológicas centram-se no comportamento dito normal. Só após o estudo da indagação da natureza e força de vínculos que unem o indivíduo à sociedade e que o conduzem a superar os impulsos naturais e obedecer às regras, é que se procede ao estudo do comportamento desviante e delinquente (Machado, 2008:33).

Recorrendo à perspetiva sociológica do crime verifica-se que se tem de ter em conta que o crime é globalizante e não nos podemos centrar só no porquê do individuo ter cometido o crime mas também centrarmo-nos no papel que a sociedade tem e de que forma é que ela contribuiu para o crime e saber quais as medidas que a sociedade toma numa fase de reinserção e prevenção de criminalidade.

 O estudo científico do crime exige uma perspetiva interdisciplinar e de integração metodológica, que reúne diferentes métodos e saberes para um único objetivo. Segundo Plattan (1990) a ideia de crime designa uma “triangulação” para se referir a uma combinação de métodos e dados que implica a utilização de várias fontes num mesmo estudo, a intervenção de vários investigadores (cada um com a sua perspetiva teóricas) bem como diferentes métodos e técnica de pesquisa. Porém, a prática é difícil de se verificar devido à falta de interdisciplinaridade e de integração no plano empírico.
 
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